Os primeiros traços de horizontes vividos são desenhados a grafite, aromas densos lidos nas costas das mãos. Mapas de selvas escondidas em bosques calcorreados de bicicletas, vulgo baskouros, velozes e conhecedores de caminhos sempre diferentes.
A ilustração junta os contornos surrealistas dos desenhos às cores de uma paleta rica em tonalidades. Porque África está na origem. África está na paleta das cores que se espraiam nos desenhos e depois nas aguarelas e mais tarde nas telas.
A Aguarela também vem de longe, desde a primeira dúzia de anos, persistente, atenta, deslizando docemente no papel, fundindo cores transparentes que soltam ritos de alegria.
A Pintura é um sopro de Vida que nasce numa longa vida feita no Continente Extremo, num Oriente de especiarias e viagens.
É em Macau, numa China distante, que nascem em 1986 as primeiras telas envolvidas cuidadosamente em suave papel de arroz e tratadas por aguadas de acrílico. A técnica é de fusão de tonalidades inúmeras, em formas que vagueiam entre o figurativo e o abstracto. É o falso abstracto que se vai impondo nas imagens construídas em paisagens do impossível, reais de tanto se esconderem na pele de quem as pinta.
Cidadão do Mundo as vivências orientais enriqueceram as texturas pictóricas, relevando em Macau e Hong Kong, num espaço de convívio com artistas chineses.
Nesta exposição no Porto, a Aguarela é o pulsar de paisagens que dialogam em feições mais realistas ou mais abstractas, um pouco como os sonhos que se nos deparam numa vida de sentidos tão díspares, numa sociedade globalizada no improviso.
Rui Paiva (2007)
Exposição "Do desenho á aguarela, ao correr da vida", de 15/XII/2007 a 19/I/2008
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